literature

Immaculatus

Deviation Actions

Hadiya's avatar
By
Published:
223 Views

Literature Text

Corro pela relva molhada por causa da geada da noite. Abro gentilmente a porta velha do estábulo que, mesmo assim, range tortuosamente. Deixo-a entreaberta, guiando-me assim pela ténue luz azulada do luar que ilumina as cavalariças e os quadris descansados dos corcéis. Avanço até ao fundo escuro onde não está nenhum cavalo e espero ao lado de um monte de feno seco. Finalmente vejo uma sombra escura quebrar o esbranquiçado da lua. Distingo um corpo alto e delgado caminhando na minha direcção, as botas viris a chocarem surdas contra o chão de terra batida. Sinto o meu peito a descer e subir nervosamente no meu corpete, respiro ofegante ao sentir o seu calor. Passo as mãos pelo corpo jovem coberto com um duro colete de couro e puxo-o para mim. Está escuro. Sinto os lábios quentes tocarem nos meus. Com os dedos acaricio a cara macia, os traços finos, suaves. Passo a mão pela nuca e tiro-lhe o barrete. Longos cabelos loiros caem-lhe pelas costas e reluzem ao encontrar o luar prateado. Arranco-lhe o colete e desaperto a larga camisa alva. Sinto as pesadas ligaduras que envolvem o seu peito. Devagar, liberto-a aos poucos desse sacrifício e deixo-as cair com um som mudo. Passo a mão pelo seu ventre liso, subo até aos seus seios e sinto o coração a bater acelerado. Beijo-lhe o pescoço e mordo-a com o frémito da paixão. Ela contrai-se e solta um leve e virginal gemido. Mas a sua fraqueza dá logo lugar a uma reacção explosiva. Atira-me para o feno e em movimentos fortes e decisivos desaperta-me o corpete e beija-me o peito sôfrego. Cada toque dela incendeia-me. Quero o seu corpo de volumes suaves e gentis sob aquela camada varonil de couro. Os cavalos começam a relinchar devido aos movimentos brutos e apaixonados. O seu cheiro doce é inebriante. Afundo-me nela e ela em mim. É um amor sacrílego, pecador. Mas naquele momento não existe essa fé que nos condena, só existe a fé que impulsiona o nosso corpo um para o outro, esse amor que nos inunda e me faz querer ficar para sempre nos braços dela. Descansamos um pouco com o ar frio da noite e a vontade da paixão a rosarem-nos o corpo. Repudio as roupas masculinas que ela é obrigada a usar para se encontrar comigo. Odeio-as, enojam-me. Empurro-as com asco como quem afasta um cadáver podre e peçonhento e tomo-a nos meus braços. O seu calor cobre-me. O meu coração bate com a mesma vontade do que o dela. Sinto os seus cabelos macios roçarem-me a face e os seus dedos ásperos pelo trabalho de camponesa a fazerem desenhos na minha barriga alva. Fecho os olhos e aperto-a mais. Sinto o cheiro das fogueiras, das piras. Oiço os gritos e os prantos dos condenados. Abro os olhos e volto ao silêncio da noite lá fora e à suave respiração dela no meu peito. Choro.
Pecatum puros...
© 2006 - 2024 Hadiya
Comments5
Join the community to add your comment. Already a deviant? Log In
balzzac's avatar
lol i wish i could i read it. what language is it in? so that i can translate it